terça-feira, 10 de agosto de 2010

Belo Horizonte em 1949 - 2 de 2

Belo Horizonte em 1949 - 1 de 2

Um prato chamado Kaol


Em meio à muvuca do centro da cidade de Belo Horizonte em Minas Gerais, o Café Palhares foi fundado em 1938 pelos irmãos Antônio e Nilton Palhares Diniz. Em 1944, o estabelecimento foi vendido ao uberabense João Ferreira – o Seu Neném – e seu cunhado Aziz. Conhecido por ser a casa do Kaol, o local é hoje administrado por João Lucio e Luiz Fernando, filhos de Seu Neném.

O Café Palhares sempre funcionou no mesmo endereço, na Rua Tupinambás quase esquina com a Avenida Afonso Pena, Belo Horizonte - MG. Quem ali chega, vê uma placa dependurada na parede com o seguinte dizer: “Ser mineiro é comer um Kaol”. A frase reflete a importância que um único prato exerce na vida dos moradores locais.

Batizado pelo radialista e boêmio Rômulo Paes, o Kaol nada mais é do que as iniciais de cachaça (cujo “c” foi trocado pelo “k” para dar mais pompa ao prato), que costumava preceder as refeições, arroz, ovo, e lingüiça. Com o passar do tempo, a receita foi incrementada. A partir da década de 70, o Kaol ganhou farofa e couve e, nos anos 80, um pouquinho de torresmo. Atualmente, a lingüiça pode ser trocada por pernil, carne cozida, dobradinha, língua, ou peixe. Antes de ser servido, cobre-se o prato com molho de tomate para deixá-lo mais saboroso e molhadinho.

Quem chega ao Palhares na hora do almoço costuma encontrá-lo lotado. Muitos se surpreendem com a pequenez do local; vinte e poucos assentos posicionados ao redor de uma bancada em U. Apesar disso, a espera não costuma demorar devido a alta rotatividade dos clientes. Enquanto isso, pode-se pedir um bolinho de bacalhau ou admirar a bela cafeteira antiga sobre o balcão.

Depois de assentado, a maioria dos clientes pede o Kaol. Porém, há quem peça um “boné” ou um “chapéu”. Tais designações são referências ao Kaol servido em um marmitex; o primeiro em tamanho pequeno, e o segundo, grande. Após ter feito o pedido, o prato é apresentado ao cliente em questão de segundos. Recomenda-se casá-lo com um chope bem gelado. Assim, o Kaol, uma entidade da gastronomia mineira, fica ainda
mais gostoso